[Cantinho do Pirralho] Retrospectiva Wonder Woman: Modern Age

Eis a quarta parte da retrospectiva sobre a Wonder Woman em comics (podem ler a as anteriores clicando aqui):



 
A última vez que vimos Diana esta tinha acabado de ser obliterada por uma rajada do Anti-Monitor, em Crisis on Infinite Earths #12. Enquanto isso a sua contra-parte, da agora inexistente Earth-2, não só se tinha aposentado, como havia ascendido ao panteão celestial do Olimpo.
 
Com o multiverso destruído, consequência dos eventos da saga Crisis on Infinite Earths, as Terras sobreviventes (Earth-1, Earth-2, Earth-S, Earth-X e Earth-4) foram unificadas numa só, a New Earth. Neste New Earth e embora Donna Troy, a.k.a Wonder Girl, já estivesse activa, via a sua participação nos Teen Titans, o mesmo não se podia dizer de Diana e das restantes amazonas, as quais continuavam misteriosamente desaparecidas. 


Um dos efeitos de Crisis foi, para além de estabelecer uma única Terra e um único universo, também ele temporal. Muitos dos heróis da época Golden Age, que viviam na Earth-2, foram “encaixados” no passado da New Earth. Contudo, existiam alguns heróis “problemáticos”. Falo da sagrada trindade da DC, Superman, Batman e Wonder Woman.

Estes três já existiam décadas, sem alguma vez as suas publicações terem sido canceladas. Se anteriormente o problema havia sido resolvido através da criação do Multiverso, agora e com o fim do mesmo, era tempo de se vislumbrar uma nova solução. 
A mini-série Legends, publicada entre 1986 e 1987, marcaria aquela que seria vista, cronologicamente, como sendo a primeira aparição de Diana no Universo DC. 

Convidada para se juntar à nova Justice League of America, após a conclusão da batalha com o servo de Darkseid, Godfrey, a guerreira amazona vai educadamente recusar. Convém salientar que a história da JLA foi também ela ligeiramente alterada, conforme se poderia ver mais tarde em JLA: Year One, de 1998. 

Da mesma maneira que Superman e Batman, também Diana deixa de ser uma membra fundadora da equipa. O seu lugar passa a ser ocupado por Dinah Lance, a.k.a Black Canary. 
Ainda assim e com a transformação da JLA em Justice League International, corria o ano de 1989, Diana voltaria a ser convidada para se juntar aos ranks da prestigiosa equipa, nas páginas de JLI #24 (Vol 1). 

Membra fundadora da Justice League Europe, Diana teria pouca ou nenhuma participação nas aventuras da equipa, estando apenas presente no primeiro número da comic, desaparecendo logo de seguida. 
Seria sem surpresa que Diana seria dispensada da JLE sem grandes cerimónias por Catherine, a porta-voz do grupo, em JLE #21, um ano mais tarde. 

A verdade é que tal exclusão se ficou a dever maioritariamente ao facto de Diana pura e simplesmente não estar disponível, por força das suas aventuras no seu próprio título. O segundo volume de Wonder Woman seria lançado em Fevereiro de 1987. 

Com argumento de Greg Potter, finalização de Bruce Patterson, e arte de George Pérez, popularizado pelo seu trabalho nos Titans e em Crisis, pretendia-se que esta Wonder Woman fosse ainda mais ligada à sua herança mitológica do que as suas versões anteriores. 

A sua origem é mantida, com ligeiras alterações a serem efectuadas. Agora filha de Zeus, o Deus supremo do Olimpo, Diana ascende ao estatuto de Semi-Deusa. Os seus inúmeros poderes continuam a ser dádivas divinas, se bem que com algumas nuances. 

De Démeter, Diana recebe força sobrehumana, a qual retira directamente de Gaea. Esta nova conexão com a Mãe Terra permite-lhe curar-se mais rapidamente. Diana pode inclusivé fundir-se com o próprio solo, através de um ritual extremamente sagrado, e com isso recuperar-se imediatamente de qualquer lesão não mortal. 

De Pallas Athena, a amazona recebe conhecimento e empatia, que combinam com o seu novo estatuto com Embaixadora da Paz e Boa Vontade da Ilha-Nação de Themyscira. É sua tarefa espalhar a paz pelo Mundo do Patriarcado.  

De Artemis, Diana obtém sentidos apurados e torna-se una com as feras (é agora capaz de as acalmar), fruto do chamado Eye of the Hunter. 

De Hestia, a heroína consegue o controlo sobre as chamas da verdade, via o famoso Lasso of Truth, assim como redobrada resistência a fogo sobrenatural e terreno. 

De Aphrodite vem a bondade e a beleza características de Wonder Woman. Por último, de Hermes, Diana consegue a capacidade de voo e uma velocidade que quase consegue atingir a da luz, tornando-a tão rápida como Superman e quase tão veloz como Wally West, a.k.a Flash. 

Os primeiros números do segundo volume de Wonder Woman iriam introduzir algum do velho cast da série, com uma nova luz a incidir sobre eles. 

Steve Trevor, o eterno companheiro de Diana, é imaginado como mais velho que a amazona e casado, passando a servir mais como figura paterna e guia para a heroína. 

Etta Candy é apresentada não mais como a “sidekick” de Wonder Woman, mas como assistente de Trevor na Força Aérea Norte-Americana. 

Novas personagens são também introduzidas, como é o caso de Julia Kapatelis e da filha Vanessa Kapatelis, ambas apresentadas em Wonder Woman #3 (Vol 2). 

Vanessa acabaria por se tornar oponente ocasional de Diana, na sua persona de Silver Swan. Outra personagem a fazer a sua estreia seria Mindi Mayer, a responsável pela imagem pública de Diana no Mundo do Patriarcado.

 Mindi, introduzida em Wonder Woman #7, morreria no número 20, vítima de uma overdose de droga. Hermes, outrora apenas um dos muitos Deuses adjuvantes de Diana, passa a ter um papel mais activo, servindo como auxiliar da amazona e desenvolvendo uma paixoneta não correspondida pela mesma.

Os primeiros sete números de Diana trariam consigo aquele que é um dos seus principais adversários, o Deus da Guerra, Ares. 

A batalha com o Olimpiano quase irá resultar na morte prematura de Diana, que no entanto consegue salvar o Mundo da destruição. 

A amazona por sua vez é salva pelo pai, Zeus, e restaurada como nova após a aventura que passaria a ser conhecida com “Gods and Mortals”. 
 
As novas aventuras de Diana, para além da sua natureza mais épica,  tocavam agora pontos relevantes, como as drogas, o suicído, o estereótipo de beleza feminina, o desemprego, entre outros tópicos. 


Nesta primeira fase das aventuras da amazona vamos ainda vê-la defrontar versões actualizadas de Cheetah, Circe, Doctor Psycho, Silver Swan e Angle Man, bem como defrontar ameaçadoras ameaças míticas na figura do Minotaur, Equidna, Decay, Phobos e Deimos, entre outros. 
 
Diana terá um interessante encontro com o Homem de Aço, em Action Comics #600 (Vol 1, de 1988), no qual vai refutar um potencial romance com Superman. 


Após defrontar um temporariamente insano Hermes, em Wonder Woman #51 (Vol 2, de 1991), Diana  vê-se acusada, pela primeira vez, de assassinato, cinco números mais tarde. Ilibada, a heroína vai participar na mini-série War of the Gods, antes de recomeçar um novo capítulo da sua via, pelas mãos de William Messner-Loebs. 

Em 1992, Messner-Loebs traz Diana de regresso aos actos de heroísmos mais “mundanos”, afastando-a um pouco dos assuntos do Olimpo. Messner-Loebs levou-a ao espaço, à procura de trabalho e à eventual perda de identidade…
 
Entre os números 91 e 93 de Wonder Woman participa no chamado The Contest, o qual a vai opor a heroína à desafiadora Artemis, campeã das Bana-Mighdall, as amazonas egípcias. 


O duelo irá terminar à la Fall of the Dark Knight, com Diana a ser derrotada e despojada do título de Wonder Woman, o qual será atribuído a Artemis. 

Mesmo sem a sua parafernália mítica Diana continua a ser filha de Zeus e mantém-se no jogo, adoptando um novo uniforme negro. É a fase a que os fãs chamam de Biker Wonder Woman. Este novo status quo não dura muito. 
A demasiado agressiva Artemis é dispensada da JLA pelo Batman e acaba morta em combate com Cheetah nas páginas de Wonder Woman #100 (Vol 2), corria o ano de 1995 (Artemis regressaria à vida como Réquiem em 1996). 

Diana retoma o papel de Wonder Woman nessa mesmíssima edição. Esse ano veria ainda Diana marcar presença, pela primeira vez, como personagem jogável num jogo de vídeo, com o lançamento de Justice League Taskforce para as diferentes consolas da época. 
Diana dispõe do seu próprio nível, a Paradise Island, e deve derrotar os seus companheiros da JLA, sob controlo de Darkseid e Despero, antes de defrontar ambos os vilões numa luta final.

Esta aparição vem na sequência de uma maior participção de Diana nas aventuras colectivas da JLA, após o fim da era JLI. Diana chegou mesmo a assumir um papel de liderança na JLA. 


A segunda metade dos anos 90 trará ainda a introdução de Cassie Sandmark, a outra filha de Zeus e segunda Wonder Girl, em Wonder Woman #105, corria o ano de 1996, bem como revelaria o papel de Hippolyta como a Wonder Woman activa durante a Segunda Guerra Mundial, via viagem no tempo. 

Ainda antes do ano findar veríamos o aparecimento de uma Wonder Woman mais velha, em Kingdom Come.


Esta Wonder Woman é a responsável pelo ressurgimento da JLA e tem um relacionamento com Superman. Em 1997, pela segunda vez desde a criação da New Earth, a Wonder Woman volta a morrer nas páginas de Wonder Woman #126, apenas para renascer no número seguinte como a mais nova Deusa Olimpiana.

O papel vago de Wonder Woman é ocupado pela sua mãe, a Rainha, dois números mais tarde. Diana regressa ao papel no número 137, em 1998, altura que marca ainda a estreia de mais três versões distintas da personagem (Wanda da Tangent Comics, Amaze da Wildstorm e a Wonder Woman One Million, do século 853). 

Após esse breve período como Deusa, Diana defronta um conjunto de perigosos vilões, entre os quais Devastation e a maioria do panteão divino Hindu, antes ver a mãe morrer-lhe nos braços durante a storyline Our Worlds at War, em Wonder Woman #172, corria o ano de 2001. 

Entre 2001 e 2002 seriam introduzidas duas versões alternativas da amazona, na figura de peruana Maria Mendonza (personagem criada por Stan Lee) e Stephanie Trevor (de um futuro próximo). 

Por volta desta altura Diana marcaria presença numa mão cheia de jogos de vídeo, começando com Justice League: Injustice for All, em 2002, até ao mais recente e popular Mortal Kombat vs DC Universe, de 2008. 

A poderosa amazona seria ainda figura de destaque na série de animação Justice League (2001) e na sua sequela Justice League Unlimited (2004). Diana teria presenças mais modestas em Brave and The Bold (2008) e Young Justice (2011). 

Tal era a popularidade da heroína que esta ganharia o seu próprio filme animado em 2009 e surgiria nos diversos filmes de animação envolvendo a Justice League. Um deles, Crisis on two Earths traria ao pequeno ecrã a versão maligna de Diana, a Superwoman da Earth-3.
 
Regressando ao mundo das comics, veríamos Diana cega, após um encontro com a Medusa e mais importante que tudo isso teríamos a heroína a ser acusada, novamente, de homicídio. 


Durante a stroyline Infinite Crisis, Diana viu-se forçada a matar Maxwell Lord, um telepata que em tempos serviu de líder e mentor para a JLI. 

O agora vilão tinha sobre o seu controlo Superman e para evitar tirar a vida ao Homem de Aço, Diana elimina a fonte do problema. Esta história, que teve lugar em Wonder Woman #219 (Vol 2, de 2005) seria mais uma fenda na fundação da JLA, que eventualmente se desintegraria após a detruição da Watchtower e a batalha com Desespero em Infinite Crisis #1, em 2006. 

Após a conclusão de um conflito que trouxe de volta o Multiverso e desfez muitas das alterações temporais da Crisis original, Diana irá tirar um ano sabático, entregando o papel de Wonder Woman a Donna Troy. 

Como seria de esperar, Diana regressará após uma breve passagem pelo cargo de agente especial Diana Prince para o Departamento de Assuntos Meta-Humanos.

Nesta altura, Diana viu-se envolvida ainda nos eventos de Blackest Night, os quais a veriam confrontar um zombificado Maxwell Lord e uma Red Lantern Mera. Diana seria transformada num Black Lantern, por Nekron, contudo a transformação seria provisória e a amazona libertar-se-ia da influência do maléfico anel ao aceitar outro, o das Star Saphires. 

O regresso de Diana marca o início do terceiro volume da sua comic. Podemos ver o aparecimento de uma nova raça de amazonas, os primeiros masculinos, liderados pelo justo Archillies, que se tornaria aliado de Diana. 

Este terceiro volume seria marcado por uma alteração na aparência de Diana com a introdução de umas calças e um blusão, em sintonia com um episódio piloto da uma nova série televisiva da heroína. 

A proposta televisiva não singraria, mas o polémico uniforme manter-se-ia, ocorrendo na mesma altura que a numeração da comic foi alterada, passando do número 44 para o 600. 

O novo aspecto, repudiado pela maioria dos fãs, manter-se-à até ao último número, o 614, antes do evento Flashpoint, o qual irá mudar o Universo DC e a Wonder Woman uma vez mais...
Mas isso é uma história para o próximo post!
 


Escrito por: Ivo Silva
(podem ler muito mais sobre comics, jogos e demais temas geek no blog: http://culturaeartepop.blogspot.pt/)

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