[Cantinho do Pirralho] Retrospectiva Wonder Woman - Golden Age


   Os comics, seu formato original, foram inventados por Maxwell Charles Gaines em 1933. Foi ele que estabeleceu o molde a partir do qual todos os futuros artistas se guiariam aquando do desenvolvimento das suas histórias. Não passariam mais de cinco anos até que Gaines estivesse por trás da fundação da All-American Publications, a qual se tornaria famosa por ter sido a editora a dar à luz personagens como o Flash ou Green Lantern. Contudo e com a entrada na década seguinte os comics gozavam de uma reputação que era tudo menos lisonjeira. Extremamente violentos e tudo menos equitativos, esta era a imagem de marca da B.D norte-americana nesta fase. 


   Gaines vai procurar dar uma volta a tudo isto, tomando como primeiro passo a contratação, para a posição de consultor, do renomado psicólogo Dr. William Moulston Marston. Marston não se limitou a ser um mero consultor, mas antes criou uma personagem que se tornaria um ícone da mesma dimensão de Batman e Superman (na época publicados pela editora concorrente da National Comics). 


   Em 1941 nasceu Wonder Woman, uma mulher com força e carisma acima da média, e um porta-estandarte para a igualdade que se desejava no universo fictional das comics. Vinda da Paradise Island, onde vivia com as suas irmãs Amazonas, Wonder Woman, ou Diana Prince, era o resultado de uma sociedade matriacal que havia evoluído pacificamente sem qualquer contacto com o Mundo exterior. Será um encontro fortuito com o soldado americano Steve Trevor (o qual WW vai salvar) que irá expor Diana ao Mundo para lá da Ilha. 


   Fazendo a sua estreia em All-Star Comics #8, Wonder Woman teve a sua personalidade inspirada pelas duas mulheres com as quais Marston vivia numa relação consensual a três. São elas a advogada Elizabeth Holloway, com a qual era legalmente casado, e Olive Bryne, uma das antigas alunas universitárias de Marston. O espírito dessas duas mulheres inteligentes e cultas, conjugado com as próprias posições liberais de Marston irão verter para Diana, que não tardaria muito a se tornar membra fundadora de uma das primeiras equipas de heróis das comics, a Justice Society of America. 


   A personagem era dotada de uma força e resistências extraordinárias, no entanto era, como o Superman nesta época, incapaz de voar, contando com um jato invisivel para o efeito. Para além disto, Diana era dotada de pequenas habilidades telepáticas, e servia-se ainda do agora obscuro mental radio, para receber pedidos de socorro (como o Bat-signal) e do purple ray, um poderoso instrumento de cura. Alguns dos utensílios de Wonder Woman, como as suas indestrutíveis braceletes, a sua tiara "bumerange" ou o seu Lasso, continuaria a ser usados no futuro. Outras coisas, como os estranhos Cangurus da Paradise Island seria convenientemente esquecidos.


   Contudo e embora o objectivo da criação de Wonder Woman fosse dar ao público feminino uma personagem forte e capaz, a verdade é que em muitas das suas histórias a princesa da Paradise Island acabava atada, presa por homens. em algo que fugia para o bondage. O próprio acto de atar, conhecido como Aphrodite Law, tornar-se-ia numa das fraquezas mais infames das comics, com Wonder Woman a genuinamente perder a sua força quando atada por um homem. 

  Isto seria algo que em 1943 seria contestado pela especialista em literatura infantil, Josette Frank. Wonder Woman, uma personagem ao nível de Superman, era ainda relegada em muitas das aventuras iniciais da Justice Society para a posição de...secretária. A morte de Marston em 1947 não significou o fim da personagem que entretanto já se vira arrastada para a "nova" DC Comics um ano antes. No entanto, e antes de entrar na fase Silver Age da personagem convém falar brevemente acerca da sua origem nas comics da Golden Age. Como já falei anteriormente, Diana tornou-se na Wonder Woman muito por causa do seu encontro com Trevor. Depois de salvar o jovem da morte certa, Diana, que se tinha apaixonado por ele, pede para que lhe seja dada a autorização de o acompanhar no seu regresso ao Mundo patriarcal. 


   Sendo filha da Rainha das Amazonas, Hippolyta, Diana vê o seu pedido negado. A sua mãe organiza uma pequena competição entre as Amazonas que visava definir quem seria a acompanhante de Trevor. Apesar de estar proibida de entrar na mesma, Diana fá-lo com a identidade oculta por um elmo. Vencedora dos "jogos", Diana reclama o direito de acompanhar Steve Trevor e é presenteada com as vestes e o título de Wonder Woman, a embaixadora da paz e da liberdade. Uma vez no Mundo patriarcal, Diana assume a posição de enfermeira de guerra, como Diana Prince, e luta contra nazis e vilões como Cheetah, Mars, Angle Man ou Doctor Psycho, como Wonder Woman. 


   Como toda o bom herói desta era, também Wonder Woman tinha a sua própria sidekick na imagem da cómica Etta Candy. Diana Prince ganharia o seu próprio título mensal em 1942, fazendo ainda aparições numa série de tiras de jornal, bem como nas revistas Sensation Comics e Comics Cavalcade. 

   A entrada na Silver Age traz modificações significativas à personagem... Mas isso veremos para o próximo mês! 


Escrito por: Ivo Silva
(podem ler muito mais sobre comics, jogos e demais temas geek no blog: http://culturaeartepop.blogspot.pt/)

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